quarta-feira, 27 de abril de 2016

RESENHA: ALICE NO PAÍS DO AMOR
 





Ficha técnica

Autora: Lucilla Guedes
Editora: Chiado
Ano: 2015
Gênero: romance, literatura nacional.
ISBN: 978-989-51-5143-1

Parece que ao ler o livro, eu relia meu diário secreto e pessoal que comecei a escrever quando meu corpo começou a modificar-se de menina para um corpo de mulher. Ah! Adolescência muitas vezes cruel, mas o livro me permitiu lembrar os meus sonhos de princesa que havia um príncipe que me resgatava... . Passava horas imaginando o rosto dele. Pois as atitudes eu já tinha determinado o que ele deveria fazer e agir, tendo a ousadia de criar umas regras, um manual de como agir comigo.
Nossa como Alice me fez reviver coisas tão puras e boas, mas também sofri, pois lembrei que a realidade não é tão simplista e nem tão bela. Mas assim como a Alice que foi ao país das maravilhas eu com este livro fui ao meu país secreto (de mim mesma), após tomar a poção voltei a minha realidade e ao olhar para os lados fui repleta de uma ternura gigantesca e uma sensação inenarrável que viver o drama amoroso da Alice e a forma como ela tira a venda dos olhos para olhar cara a cara a realidade, mesmo temendo.
Confesso que esta resenha foi escrita depois de muito meditar, e como ela melodramatiza tudo ao seu redor, não é direta vê o problema e o soluciona. Quantas vezes não culpamos, xingamos e não fazemos nossa parte para contribuir com a solução dos problemas? Quem era esse senso de norte para Alice sempre foi Alan, que no silencio sempre foi presente e participativo ao ponto de fazê-la ser uma pessoa melhor.
Porém o choque maior que deixa a nossa adorável e sonhadora Alice assustada é a forma como ela vê Max falar de afeto, sem afeto, do aborto que aconteceu com ausência de sentimentos e emoções. E o porquê da origem desta forma vulgar que ele achou para sobreviver com o caos afetivo que acontece com ele muito cedo. Como ela percebe que por não notar seus afetos sem mácaras e sem fantasias, ela deixa de perceber aos amigos a sua volta como estão não como foram um dia.
Quem não cometeu estes erros? A pureza e a sensibilidade de como a Alice se colocam sem pudores, trás sérios problemas, o que já na vida adulta é inaceitável porque num mundo cheio de não verdades, alguém sincero e transparente, além de ser usada e mal-entendida. Para mim foi revitalizam-te ler algo com que tenha tamanha doçura, como disse a Alice na declaração chamada: balsamo.
Sim! Este livro foi um balsamo que lavou a alma para prosseguir na jornada da vida. Venham conhecer a jornada de autoconhecimento de Alice, uma jornada longa, dura, mas que vale a pena fazer esta jornada com ela.
Vamos torcer para que a autora faça outras obras ligadas aos contos de fada e assim conhecermos outras “Alices”. Venham ao país das maravilhas de Alice criação de Guedes.




segunda-feira, 25 de abril de 2016

RESENHA: DOIS IRMÃOS



Ficha técnica

Autor: Milton Hatoun
Editora: Companhia das letras
Ano: 2000 – SP – 21ed
Gênero: romance, literatura nacional, romance século XX.
ISBN: 978-85-359-0013-2

É uma história que se passa numa família onde existem dois filhos que foram gerados de forma gemelar, sendo eles gêmeos univitelinos, o que faz com que tenham uma aparência semelhante. Porém a semelhança é só com aparência física, pois os irmãos possuem comportamentos muito divergentes, diria até antagônicos.
A história ocorre próximo ao período da segunda grande guerra mundial, e no continente americano, mais especificamente no Brasil, no estado de Manaus e seus arredores. Sendo uma família de origem libanesa e que mantinha os hábitos e costumes de seus ancestrais.
Um muito impulsivo e outro muito racional. Neste meio ainda tínhamos Rana a irmã mais nova que se encantava pelos dois, assim como Domingas (fiel empregada) e todas as mulheres se dividiam, já a mãe nunca escondeu que um dos gêmeos tinha seu total afeto, e por ele tudo deveria ser feito.
No caso o caçula – Omar, o impulsivo, irresponsável que se envolvia sempre em problemas. Sua vida era a boemia, lugares nada indicado para encontrar donzelas era de sua preferencia para frequentar, porém trabalhar também não é algo que ele gostava e fazia como hábito de todo homem. Já o irmão mais velho cansado de ficar com trabalho dobrado, resolve sair, e ir para SP. Além da grande decepção de ter que deixar seu verdadeiro “amor” e filho.
Curioso que este relato não causa estranheza porque todas as famílias têm suas “ovelhas negras” e temos os salvadores. O que podemos é verificar se não estamos reforçando o comportamento de alguém para se tornar um Omar, porque talvez a vida sem sacrifício e tendo alguém para de resolver os problemas que causava foi o tornou, ou reforçou sua irresponsabilidade e inconsequência.
Já seu irmão mesmo a distância se preocupava com a família, mas não se envolvia quem ficou cuidando da loja, da casa, dos pais e até do irmão Omar foi à irmã que deveria ser paparicada. Ela foi indo solucionar tudo que acontecia quando começou ver que seus pais envelheciam e seus irmãos não se falavam direto, e quando o faziam só brigavam.
Ela como única filha mulher, quem o pai tentava casar com pretendentes, sentia que não podia deixar sua mãe com a obsessão por seu irmão caçula e o seu pai idolatrando sua mãe. Domingas também foi outra que só serviu a família que não assumiu a paternidade de seu filho, tanto a mãe – Zana como Domingas queriam seu afeto ter parte reconhecida e dedicado a elas.
Está história é contextualizada no século passado, a pergunta que não se cala: quantas Ranas têm feito muitas famílias ainda existirem? E mesmo assim não são valorizadas, muitas até mal compreendidas e desvalorizadas, abdicam sua vida para que outros não se percam. Porque não fazer tudo de forma coerente e dividida para que ninguém se sobrecarregue?
Vamos ainda ter Omar (es)? E o irmão mais velho que prefere ajudar no que crê ser importante, mas sua presença não, porque omitir-se foi à forma que teve para não matar o irmão que matou a todos. Mesmo deixando a irmã viva, mas sem esperança porque tinha que vigiar o tempo todo, Rana não permitia viver sua vida com tranquilidade.
Bom, se eu não parar agora não paro nunca! Mesmo Rana não sendo a protagonista foi com quem nitidamente me identifiquei por tamanha entrega. Ela mexeu com meu senso de justiça e de afeto. Vejo que este é um livro de cabeceira para nossa sociedade que deve rever os conceitos primordiais como família, amor e sacrifício.