RESENHA:
DOIS IRMÃOS
Autor: Milton Hatoun
Editora: Companhia das
letras
Ano: 2000 – SP – 21ed
Gênero: romance,
literatura nacional, romance século XX.
ISBN: 978-85-359-0013-2
É uma história que se
passa numa família onde existem dois filhos que foram gerados de forma gemelar,
sendo eles gêmeos univitelinos, o que faz com que tenham uma aparência semelhante.
Porém a semelhança é só com aparência física, pois os irmãos possuem comportamentos
muito divergentes, diria até antagônicos.
A história ocorre próximo
ao período da segunda grande guerra mundial, e no continente americano, mais
especificamente no Brasil, no estado de Manaus e seus arredores. Sendo uma família
de origem libanesa e que mantinha os hábitos e costumes de seus ancestrais.
Um muito impulsivo e
outro muito racional. Neste meio ainda tínhamos Rana a irmã mais nova que se encantava
pelos dois, assim como Domingas (fiel empregada) e todas as mulheres se
dividiam, já a mãe nunca escondeu que um dos gêmeos tinha seu total afeto, e por
ele tudo deveria ser feito.
No caso o caçula –
Omar, o impulsivo, irresponsável que se envolvia sempre em problemas. Sua vida
era a boemia, lugares nada indicado para encontrar donzelas era de sua
preferencia para frequentar, porém trabalhar também não é algo que ele gostava
e fazia como hábito de todo homem. Já o irmão mais velho cansado de ficar com
trabalho dobrado, resolve sair, e ir para SP. Além da grande decepção de ter
que deixar seu verdadeiro “amor” e filho.
Curioso que este relato
não causa estranheza porque todas as famílias têm suas “ovelhas negras” e temos
os salvadores. O que podemos é verificar se não estamos reforçando o
comportamento de alguém para se tornar um Omar, porque talvez a vida sem sacrifício
e tendo alguém para de resolver os problemas que causava foi o tornou, ou reforçou
sua irresponsabilidade e inconsequência.
Já seu irmão mesmo a
distância se preocupava com a família, mas não se envolvia quem ficou cuidando
da loja, da casa, dos pais e até do irmão Omar foi à irmã que deveria ser
paparicada. Ela foi indo solucionar tudo que acontecia quando começou ver que
seus pais envelheciam e seus irmãos não se falavam direto, e quando o faziam só
brigavam.
Ela como única filha mulher,
quem o pai tentava casar com pretendentes, sentia que não podia deixar sua mãe
com a obsessão por seu irmão caçula e o seu pai idolatrando sua mãe. Domingas também
foi outra que só serviu a família que não assumiu a paternidade de seu filho,
tanto a mãe – Zana como Domingas queriam seu afeto ter parte reconhecida e
dedicado a elas.
Está história é
contextualizada no século passado, a pergunta que não se cala: quantas Ranas têm
feito muitas famílias ainda existirem? E mesmo assim não são valorizadas, muitas
até mal compreendidas e desvalorizadas, abdicam sua vida para que outros não se
percam. Porque não fazer tudo de forma coerente e dividida para que ninguém se
sobrecarregue?
Vamos ainda ter Omar (es)?
E o irmão mais velho que prefere ajudar no que crê ser importante, mas sua
presença não, porque omitir-se foi à forma que teve para não matar o irmão que
matou a todos. Mesmo deixando a irmã viva, mas sem esperança porque tinha que
vigiar o tempo todo, Rana não permitia viver sua vida com tranquilidade.
Bom, se eu não parar agora não paro nunca! Mesmo Rana não sendo a protagonista foi com quem nitidamente
me identifiquei por tamanha entrega. Ela mexeu com meu senso de justiça e de
afeto. Vejo que este é um livro de cabeceira para nossa sociedade que deve
rever os conceitos primordiais como família, amor e sacrifício.
Precisamos amar, decidir pelo amor para que a vida não vire um fardo a opção vire um sentido,talvez tenha faltado essa descoberta a essa família,ou a tantas não sei....Luzia de FSA
ResponderExcluir